O falso plano de desconfinamento: uma anatomia da desinformação e da contranarrativa

No dia 25 de fevereiro circulou online, em formato pdf, conteúdo relativo a um novo plano de desconfinamento supostamente anunciado pelo Governo. Foi partilhado e disseminado através das redes sociais,com destaque para o WhatsApp, mas também bastante partilhado no Facebook, no Twitter e no Instagram. Horas mais tarde, esse suposto novo plano de desconfinamento viria a ser desmentido pelo Governo, desconstruído pelos fact-checkers portugueses e noticiado como falso por vários meios de comunicação social.

Em paralelo, os cidadãos reagiram com desconfiança à informação, com muitos a colocar em questão a veracidade, a fazer verificação e, assim que foi confirmado tratar-se de uma fake news, gerar uma onda de disseminação da confirmação de se tratar de desinformação. Por fim, o assunto pareceu ficar encerrado no dia 26, às 17h40, quando o Primeiro-Ministro anunciou que o verdadeiro plano de desconfinamento seria apresentado a 11 de março.

Para tentar perceber a origem, percurso e processos de disseminação do falso plano de desconfinamento, o MediaLab CIES_Iscte lançou no próprio dia 25 um mini-inquérito aos portugueses utilizadores de redes sociais, num processo de crowdsourcing, de modo a obter dados que permitam ajudar a definir os processos de disseminação de desinformação em Portugal. É o resultado dessa análise que se apresenta a seguir.

Para além disso, efetuamos igualmente uma pesquisa nas redes sociais para recolher todas as publicações que usaram a expressão “Plano de Desconfinamento” durante um período de 24 horas, entre as 11 horas do dia 25 de fevereiro e as 11 horas do dia seguinte, nas redes Twitter, Facebook e Instagram. O objetivo desta pesquisa, realizada através das API públicas das três plataformas, foi tentar perceber quantas partilhas foram realizadas do documento falso e do seu desmentido, em cada uma das redes e com que alcance.