Um dos aspectos centrais da solução política – apelidada de geringonça – encontrada na sequência das eleições legislativas de 2015 foi ter aumentado a perceção de alternativa política, uma vez que se afirmaram dois projetos políticos opostos: um à esquerda (PS, PCP, BE, PEV) e outro à direita (PSD, CDS). A divisão esquerda-direita pareceu revitalizar-se, mas as recentes eleições europeias confirmaram a existência de uma questão ambiental, cujo debate extravasa a questão ideológica. Acresce ainda que o eleitorado português tradicionalmente posiciona-se ao centro e, por isso, em tempos de campanha eleitoral, a tentativa de diferenciação partidária anda a par com um reposicionamento discursivo ao centro, num esforço para “apanhar todos”.
A televisão, em particular o espaço de comentário político, ajuda a formar opinião e influencia, pelo menos em parte, a perceção da opinião pública acerca da maior ou menor diferenciação entre os partidos políticos portugueses e respetivas famílias políticas, bem como a saliência dos vários temas na agenda mediática.
Neste ano, marcado por três eleições em Portugal, torna-se de particular interesse conhecer tanto a representatividade dos partidos políticos nacionais na televisão portuguesa como, para além dos partidos, a força das correntes políticas de esquerda e de direita no debate televisivo.
O estudo que agora apresentamos, realizado no MediaLAB do Iscte Instituto Universitário de Lisboa, analisou 16 programas televisivos, entre o dia 1 de Março e o dia 1 de Abril de 2019, que continham 53 espaços semanais “fixos” de opinião ou debate político ocupados por comentadores “residentes”.