No mês de ‘férias de verão’ a pandemia esteve quase ausente das notícias. Em contrapartida, o regresso das competições desportivas fez aumentar o número de publicações, sobretudo sobre futebol. Para além do desporto, seis meses de guerra na Ucrânia e grandes incêndios rurais moldaram a cobertura mediática.
Por Ana Pinto Martinho e Décio Telo
A versão integral deste relatório está disponível em PDF.
As ‘histórias’ que marcaram as notícias online
Desporto para todos os gostos
Com a quebra de notícias sobre a pandemia de COVID-19, o futebol assumiu um lugar relevante no plano noticioso. A coincidência do período de férias com o regresso de competições nacionais e europeias explica muito desta atenção dada ao desporto.
O futebol constituiu uma imensa fatia das notícias publicadas, como é habitual, mesmo num mês em que houve desporto para todos os gostos, com o ciclismo (“Um percurso para ‘todos’ com o Observatório de Vila Nova como aliciante”, Açoriano Oriental, 2/8/2022) e o Voleibol (“Portugal vence Luxemburgo no apuramento para o Europeu”, Record, 10/8/2022) a servirem de exemplo.
Seis meses de guerra na Ucrânia
Os dados disponíveis permitem estimar que houve um aumento de publicações noticiosas sobre a guerra na Ucrânia, em agosto, sustentado por 4 acontecimentos.
O cluster mais relevante reuniu o marco dos seis meses desde o início da guerra com a celebração do dia da independência, na Ucrânia.
O risco de acidente nuclear na central de Zaporijia foi outro acontecimento com bastante expressão noticiosa, seguido com menor expressão pelos alertas da Amnistia Internacional (“Bases militares ucranianas em zonas residenciais estão a colocar civis em perigo” – Jornal de Notícias, 4/8/2022) e do governo dos EUA (“EUA alertam que Rússia pode fabricar provas sobre ataque a prisão de Olenivka” – Jornal de Notícias, 4/8/2022).
Por último, o ataque ucraniano a uma base aérea russa da Crimeia foi, igualmente, noticiado com alguma intensidade.
Grandes incêndios rurais com ênfase na Serra da Estrela
Os incêndios rurais são, desde há muito tempo, acontecimentos que consomem grande parte do espaço de informação nos media, nos meses de verão, especialmente em agosto.
Apesar dos dados disponíveis indiciarem uma relativa moderação no número de artigos publicados nos sites de informação (em contraste com a extensiva cobertura televisiva em canais de informação 24/24) o segundo cluster mais relevante na amostra foi sobre os incêndios no distrito da Guarda.
Entre 1 e 15 de agosto de 2022 registaram-se 66 ‘grandes incêndios’ rurais, com área ardida total igual ou superior a 100 hectares, resultando num total de 67658 hectares de área ardida.
Neste período, Vila Pouca de Aguiar, com 5308 hectares de área ardida em 76 ocorrências, e Manteigas, com 5141 hectares em apenas dois incêndios, foram os concelhos mais afetados, de acordo com dados publicados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas em 16/8/2022.
Clusters de notícias com maior destaque online
O quadro acima permite visualizar a proporção de cada agrupamento de notícias (cluster) no conjunto dos 45 clusters que mais se destacaram neste mês. Estes resultam de um trabalho de análise e reagrupamento semântico realizado no conjunto, mais alargado, de 50 clusters, identificados pelo algoritmo da plataforma Priberam. Esta operação de reagrupamento é realizada com recurso a metodologias de análise de conteúdo. Deste trabalho resulta que a quantidade de clusters apurados, no relatório, é sempre igual ou inferior ao ‘top 50’ gerado pelo algoritmo.
Apesar da elevada precisão dos clusters classificados automaticamente pelo algoritmo (cf. Miranda et al, 2018), alguns deles podem apresentar características polissémicas, por diversos motivos, tornando difícil a tomada de decisão final quanto à inclusão num determinado cluster, pelo que a opção metodológica que nos parece mais adequada é considerar, apenas, os clusters que demonstram homogeneidade do ponto de vista do assunto identificado, acontecimento ou ‘história’ relatada.
Poderá consultar a secção de metodologia para mais detalhes sobre como o barómetro é construído.
Descrição da amostra
Para a redação deste relatório foram considerados 10132 artigos, publicados em 32 fontes de informação jornalística[1], selecionados a partir de um total de, aproximadamente, 208 230 artigos.
A recolha de dados é executada na plataforma Priberam e a organização das histórias noticiosas, em clusters, processa-se em dois passos: Um primeiro agrupamento é efetuado pelo algoritmo, que devolve um ‘TOP 50’ com os clusters mais publicados. Num segundo momento procede-se ao reagrupamento desse ‘TOP 50’, com recurso a técnicas de análise de conteúdo, que permitem uma observação ‘fina’ dos dados, resultando no quadro final de clusters apresentado neste relatório.
Poderá consultar a secção de metodologia para mais detalhes sobre como o barómetro é construído.
A versão integral deste relatório está disponível em PDF.
Licença de utilização
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[1] A Bola, Açoriano Oriental, CNN Portugal, Correio da Manhã, Diário de Aveiro, Diário Online Região Sul, DN, DN Madeira, ECO, Expresso, Jornal de Negócios, Jornal de Notícias, Jornal Económico, Jornal i, Jornal SOL, Mais Ribatejo, Multinews, Notícias ao Minuto, Notícias de Coimbra, O Jogo, O Minho, Observador, Público, Rádio Cova da Beira, Rádio Renascença, Record, RTP, SIC Notícias, TSF, TVI24, Visão.