Barómetro: as ‘histórias’ noticiosas de fevereiro de 2022

O ano de 2022 começa com uma mudança dramática na cobertura noticiosa online. Após dois anos de narrativa enquadrada pela preocupação com a saúde pública, a invasão russa da Ucrânia está a gerar uma considerável alteração na agenda das redações portuguesas, onde o léxico da guerra se torna, agora, dominante.

Por Ana Pinto Martinho, Décio Telo e Gleice Luz

A versão integral deste relatório está disponível em PDF.

Nelson Veríssimo em sessão de treino no Benfica Campus, Seixal, 22/02/2022 (TIAGO PETINGA/LUSA)
Concentração junto ao consulado da Rússia, Porto, 24/02/2022 (JOSÉ COELHO/LUSA)
Nelson Veríssimo em sessão de treino no Benfica Campus, Seixal, 22/02/2022 (TIAGO PETINGA/LUSA)
Nelson Veríssimo em sessão de treino no Benfica Campus, Seixal, 22/02/2022 (TIAGO PETINGA/LUSA)
Sessão sobre a “Situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal”, Lisboa, 16/02/2022 (ANTÓNIO COTRIM/LUSA)
Sessão sobre a “Situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal”, Lisboa, 16/02/2022 (ANTÓNIO COTRIM/LUSA)

As ‘histórias’ que marcaram as notícias online

Da tensão à invasão da Ucrânia

No mês de janeiro, a situação na Ucrânia já tinha chamado a atenção da comunicação social portuguesa, com o foco na tensão e preparação para a guerra. Em fevereiro, assistiu-se ao aumento significativo do peso deste tema, em comparação com as notícias sobre Covid-19, especialmente após o início da invasão da Ucrânia, que veio a acontecer no dia 24.

No futebol, o Benfica foi objeto preferencial da cobertura mediática

O futebol obteve um acréscimo de atenção. Convém sublinhar que a análise do Barómetro de Notícias incide sobre websites de órgãos de comunicação social generalista, não especializados. Em fevereiro, estima-se que foram publicados 27 artigos por dia sobre futebol, nestes websites. Os dados permitem identificar que o clube Sport Lisboa e Benfica está ligado à maior parte das notícias publicadas.

Situação epidemiológica e vacinação

A cobertura da pandemia resume-se, agora, à evolução diária do número de infetados em Portugal, não obstante o problema da falta de pessoal médico e de enfermagem, nos hospitais, ter gerado suficientes artigos para se fazerem notar no plano mensal. Os sinais de fim de ciclo desta ‘história’ noticiosa, que dominou a informação jornalística nos últimos dois anos, são agora mais evidentes. A invasão russa da Ucrânia veio, obviamente, acelerar este processo e colocar-nos perante um novo drama com duas características muito semelhantes: o impacto global e a imprevisibilidade.

Clusters de notícias com maior destaque online

O quadro acima permite visualizar a proporção de cada agrupamento de notícias (cluster) no conjunto dos 42 clusters que mais se destacaram em fevereiro de 2022. Estes resultam de um trabalho de análise e reagrupamento semântico realizado no conjunto, mais alargado, de 50 clusters, identificados pelo algoritmo da plataforma Priberam. Esta operação de reagrupamento é realizada com recurso a metodologias de análise de conteúdo. Deste trabalho resulta que a quantidade final de clusters no relatório final é sempre igual ou inferior ao ‘top 50’ gerado pelo algoritmo.

Apesar da elevada precisão dos clusters classificados automaticamente pelo algoritmo (cf. Miranda et al, 2018), alguns deles podem apresentar características polissémicas, por diversos motivos, tornando difícil a tomada de decisão final quanto à inclusão num determinado cluster, pelo que a opção metodológica que nos parece mais adequada é considerar, apenas, os clusters que demonstram homogeneidade do ponto de vista do assunto identificado, acontecimento ou ‘história’ relatada.

Poderá consultar a secção de metodologia para mais detalhes sobre como o barómetro é construído.

Descrição da amostra

Foram considerados 4.919 artigos, publicados em 16 fontes de informação jornalística[1] para a realização deste relatório, selecionados a partir de um total de, aproximadamente, 273.743 artigos. Por motivos técnicos, Expresso e SIC Notícias online, do grupo Impresa, não fizeram parte da amostra de janeiro.

A recolha de dados foi realizada na plataforma Priberam e a organização das histórias noticiosas em clusters é realizada em dois passos: Um primeiro agrupamento é feito pelo algoritmo da plataforma, que devolve um ‘TOP 50’ com os clusters mais publicados. Num segundo momento, foi realizado um reagrupamento desse ‘TOP 50’ com recurso a técnicas de análise de conteúdo que aplicam uma análise ‘fina’ aos dados, resultando no quadro final de clusters apresentado neste relatório.

Poderá consultar a secção de metodologia para mais detalhes sobre como o barómetro é construído.

A versão integral deste relatório está disponível em PDF.

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[1] CMTV, CNN Portugal, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Jornal i, Jornal SOL, Multinews, Notícias ao Minuto, NOVO, Observador, Público, Rádio Renascença, RTP, TSF, Visão.